sábado, 5 de dezembro de 2009

Navios...

Descolei no guarda-roupa

um mantô desbundante

e desci soltando plumas,

lá do décimo andar.

Se você me visse hoje,

não iria entender quase nada.

Iria pensar que pulei o muro,

pois eu já lhe disse

que não me importava

se a porta do barraco era sem trinco,

porque lá não tinha nada pra roubar.

 

Hoje eu quero ser mais

que um simples mantô amarelo

e com os olhos enxutos poder lhe dizer:

Por enquanto é isto e até qualquer hora...

Faça alguma coisa,

tente a abstração.

Imagine uma cidade inteira encerada...

Imagine uma cidade inteira encerrada

no momento maior de uma grande emoção.

Imagine a importância do papel sanitário,

mentalize a sanidade do papel portuário:

através dos tempos, sempre a ver navios...

(1973)

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