Descolei no guarda-roupa
um mantô desbundante
e desci soltando plumas,
lá do décimo andar.
Se você me visse hoje,
não iria entender quase nada.
Iria pensar que pulei o muro,
pois eu já lhe disse
que não me importava
se a porta do barraco era sem trinco,
porque lá não tinha nada pra roubar.
Hoje eu quero ser mais
que um simples mantô amarelo
e com os olhos enxutos poder lhe dizer:
Por enquanto é isto e até qualquer hora...
Faça alguma coisa,
tente a abstração.
Imagine uma cidade inteira encerada...
Imagine uma cidade inteira encerrada
no momento maior de uma grande emoção.
Imagine a importância do papel sanitário,
mentalize a sanidade do papel portuário:
através dos tempos, sempre a ver navios...
(1973)
Nenhum comentário:
Postar um comentário