(Preâmbulo para depois de amanhã)
Havia um homem condecorado, que exibia sua honra nos veículos de comunicação. Isto, num tempo em que se acreditava em honra de homens condecorados, que viviam se exibindo nos veículos de comunicação.
O seu quarto escuro,
abrigo inseguro do seu corpo inquieto,
não é mais aquele
que o viu sorrindo num dia de festa.
Seu passado é outro.
O espelho acusa
e você tem que ver,
que os gatos são pardos
e as hienas riem,
apesar de tudo.
(1972)
*Este poema foi escrito para Nelson Duarte, detetive que fazia o terror da galera no início dos anos 70, no Rio de Janeiro. Integrante de um grupo de elite da Polícia Civil, denominado Os Onze Homens de Ouro, participava semanalmente do Programa Flávio Cavalcanti, na extinta Rede Tupi de Televisão, onde exibia diversas condecorações conquistadas por “atos de bravura”. Em 1972, caiu em desgraça ao ser acusado de receber propina, para facilitar a fuga de um traficante internacional de drogas, da delegacia onde estava lotado. Se fodeu.
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