Que bom poder vê-la aqui de novo.
Que tal sentarmos lá naquela pedra,
pra deixar passar a noite inteira
num bate papo, assim, sem quê nem mais?
E por falar em noite, aliás,
não sei se você ainda se lembra
do samba que eu cantava, no momento
em que você bateu a porta me dizendo:
“Até segunda-feira” – e nunca mais.
Daí, o tempo passou a correr;
daí, o mato cresceu ao redor
e eu fui, naturalmente, me esquivando
de cantar aquele samba sincopado.
Tentei fazer um rock progressivo
e, modéstia à parte, até que me dei bem.
Igual ao mato, cresceram meus cabelos;
tal como o tempo, correram mil boatos...
Não sei se você soube, até disseram
que eu tinha vocação pra ser guru.
Mas hoje, nesta noite, nesta hora,
eu lhe confesso: valeu a surpresa
da gente ter se achado de repente.
Faça de conta que não houve nada,
vamos deixar que as coisas aconteçam.
Que novos tempos venham e amanheçam,
enquanto eu lhe dedico este meu novo blues
(1974)
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