sábado, 16 de janeiro de 2010

Meu novo blues

Que bom poder vê-la aqui de novo.

Que tal sentarmos lá naquela pedra,

pra deixar passar a noite inteira

num bate papo, assim, sem quê nem mais?

 

E por falar em noite, aliás,

não sei se você ainda se lembra

do samba que eu cantava, no momento

em que você bateu a porta me dizendo:

Até segunda-feira” – e nunca mais.

 

Daí, o tempo passou a correr;

daí, o mato cresceu ao redor

e eu fui, naturalmente, me esquivando

de cantar aquele samba sincopado.

Tentei fazer um rock progressivo

e, modéstia à parte, até que me dei bem.

 

Igual ao mato, cresceram meus cabelos;

tal como o tempo, correram mil boatos...

Não sei se você soube, até disseram

que eu tinha vocação pra ser guru.

 

Mas hoje, nesta noite, nesta hora,

eu lhe confesso: valeu a surpresa

da gente ter se achado de repente.

Faça de conta que não houve nada,

vamos deixar que as coisas aconteçam.

Que novos tempos venham e amanheçam,

enquanto eu lhe dedico este meu novo blues

(1974)

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